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Vampire Knight - FanFic 1

Por Mariana Cardoso

Meus pés tremem. O que eu estou fazendo com esse pedaço de vidro na mão? Rubi escorre do meu pulso, tão fascinante e digno de receber atenção. Vejo pequenas esferas chocarem o chão sujo. Minha visão embaçada observa o desperdício dessa jóia, já derretida, se espalhando e, numa tentativa falha, me refletir em vermelho. Por que os vampiros acham o sangue humano tão sensual? Já não quero mais possuí-lo, não optei. Logo entrarão no banheiro, o que farei? Não consigo me mexer, quero admirar mais e mais a luxúria saindo de minhas veias, o uniforme me incrimina; encara-me, quase sussurra para eu desistir do show.
Já não posso mais voltar atrás; não quero.
Sinto vontade de provar desse licor tão proibido. Levanto meu pulso na altura de meus lábios. Afirmo que o cheiro não é agradável; também não deveria ser. Somente as tão promiscuas bestas sentem-se excitadas com tal cheiro. Quero fugir e voar muito alto, através de tudo e todos que já me fizeram mal; não posso. Minhas pernas pesam.
Atrevo-me a saborear da fonte; pétalas de rosas brincam em meus lábios, é... Tão suave.
Como o sol atravessa a janela, não espero que Kaname venha me salvar novamente, muito menos outra besta. Não nego que penso nele enquanto minha língua se arrepia com o toque de um rubi tão... Inútil.
Por que meu sangue é tão cobiçado?
A textura estranha passeia pelo meu corpo, não sinto prazer; saciedade. A fraqueza ataca meu braço; vejo-me mole sobre o vaso sanitário.
O sangue, já espalhado pelo banheiro, começa a criar uma tonalidade mais escura; lembro-me de vinho. É um sinal sobre o que há dentro de mim? Escuridão?
Sim, escuridão. Cansei de ser inútil, de insistir nos meus erros; querendo o melhor para todo mundo, não; as pessoas não querem mais a bondade. Pensam só em si mesmas, mundo egoísta.
Minha mão solta o pedaço de vidro; o conseqüente barulho me dá dor de cabeça, por que não posso ter silêncio para assistir ao show?
Meu queixo pinga pequenas pedras lapidadas, não consigo evitar.
Desfoque. Sinto a visão desfocar mais e mais. Antes de perder meus sentidos, fios cinza interrompem meu romper de asas.
Egoísmo.
A lua reflete o branco das rendas da minha camisola, meus olhos encontram outros; Zero. Dormindo sobre o colchão desconfortável da maca. Enfermaria do colégio Cross. Lindos fios cinza, sempre os invejei. Meus pulsos estão enfaixados e estou recebendo sangue. Ainda fraca, passo meus dedos pelos cabelos de Zero. Macios, como se acarinhassem meu tato. Suas pálpebras se levantam; meu segundo objeto de cobiça: aqueles olhos lilases.
“Por que a tentativa de suicídio?” – eu não queria falar sobre isso.
“Não quero me casar com” – Minha frase é interrompida pelo bater da porta da enfermaria, Kaname entra. Ignora a presença de Zero e encosta os lábios (eles possuem o cheiro de rubi) nos meus e toca meus ferimentos.
“Yuuki, quem fez isso?” – Olhava para Zero nesse instante, meus olhos refletiam o mesmo vazio que os dele. Senti novamente o gosto de voar. Quebrei o silêncio.
“Eu perdi minha razão, só isso; Estava depressiva, me sentia sozinha”. Fui abraçada, um abraço gelado. Não conseguia me sentir aquecida perto de Kaname. Meu sangue seria desperdiçado com ele, sabia disso. Eu queria seguir meu coração; meus sentimentos. Admirava aqueles olhos por cima do ombro de meu futuro esposo. Eles me observavam, me despiam, era como ser vista por dentro quando Zero me encarava. Ele me entendia. Lia meus pensamentos sem poder fazer tal.
Kaname se afastou e me olhou nos olhos, não era o mesmo olhar excitante; era como olhar um animal faminto; despia-me, mas para o jantar. Forcei um sorriso carinhoso, sentia nojo.
“Me desculpe se te deixei sozinha.” – Kaname tocou meus lábios, gélido.
Zero levantou, apoiando-se na maca. Ajeitou o cabelo com o movimento de cabeça que ele sempre faz. Colocou a mão por cima da minha por milésimos de segundo (tão quentes e humanas) e saiu da enfermaria em silêncio.
Kaname continuou ignorando a movimentação no quarto, a lua transformou seus olhos em pétalas de rosas de um vermelho muito profundo. Se eu olhasse demais conseguiria nadar por entre um mar de sangue. Observei a lua. Kaname passou os dedos no meu cabelo e logo depois, na minha bochecha.
“Sua pele é tão macia...” – Tentei me levantar. Sem sucesso. Queria sentir Zero mais e mais.
“Preciso sair, você me entende, não é?” – Afirmei com a cabeça.
“Boa noite, Kaname” – fechei os olhos, coloquei confortavelmente minha cabeça no travesseiro fino da enfermaria. Pouco depois escutei a porta se fechar. Queria sonhar; meu único refúgio atual. Poder abusar da realidade ilusória que gostaria para mim. Um vestido branco, um buquê de rosas vermelhas, pés descalços ao lado de Zero. Ele sorri para mim como jamais sorriu para nenhuma outra mulher. Uma brisa refrescante bagunça nossos cabelos; não atrapalha nossas risadas. A visão da praia é deslumbrante; o mar compete de azul com o céu, desafia de quem está mais ao horizonte.
Pétalas do meu buquê fazem piruetas, se divertem na areia fina e brilhante. A praia está vazia; o que faz sentido com o frio que faz, deixando a visão ainda melhor.
Largo o buquê para abraçar Zero; um espinho da rosa fura meu dedo.
Antes que possa colocá-lo na boca, Zero segura firmemente meu pulso, quase me machucando, me puxa em direção ao seu peito. Admira seu maior licor.
Começo a sentir um pavor pelo corpo, tremo. Ele coloca as presas para fora, suas pupilas diminuem; Como se estivesse fora de si. Temi por minha segurança, a coroa que estava em minha cabeça, cai. Fios de cabelo em meus olhos. Quero sair dali, me debato. Zero continua inerte aos meus movimentos e se aproxima mais e mais do meu dedo, que com a pressão dele, um fio de sangue começa a escorrer por meu dedo indicador.
Zero dá o bote e morde minha mão; acordo.
Pulo da cama assustada, suando, com o coração acelerado. Tenho sempre os mesmos pesadelos com vampiros, não posso evitar. Vejo o vampiro que me atacou com cinco anos novamente na minha cabeça. Queria evitar todas as bestas, queria ter evitado me envolver. Queria uma vida normal, pai e mães humanos, uma adolescência comum.
Me lembro de tudo o que quero esquecer, não consigo nem opto por apagar Zero de mim, não posso negar toda a paixão que sinto por ele, que nem sei o que é.
Não, eu sei o que ele é.
Amo e temo a mesma besta. E não quero deixar de sentir isso.
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Capítulo Dois - Um encontro e um passado

OBS: Os * representam o início e o fim de um pensamento.

NO DORMITÓRIO DA LUA
SALÃO PRINCIPAL

--Maya está saindo durante o horário das aulas da Turma do Dia.

Aidou (A): Onde pensa que vai? Ah... Quero dizer... Aonde pretende ir, Maya-sama?
Maya (M): Ora Aidou, fale como quiser. Não é necessário toda essa formalidade.
A: Então, tudo bem.

--Aidou respirou fundo, como se fosse gritar e foi o que fez.

A: VOCÊ É LOUCA? NÃO DEVEMOS SAIR A ESSA HORA DO DIA!
M: HAHAHA... Eu, louca? Talvez.

--Maya se aproximou de Aidou, seu rosto ficou bem perto dele e, então, ela
--disse com um sorriso malicioso.

M: Mas eu tenho vários motivos para ser louca assim.
A: Você adora causar problemas, não é?
M: Você não é o primeiro que me pergunta isso.
A: Kaname-sama vai me matar!
M: HA! Ele vai me matar antes de pensar em matar você. Capaz até dele nem se lembrar de você.
A: Por quê o Kaname-sama te trata desse jeito?
M: Faz o seguinte... Pergunta direto para ele!

--Maya saiu cheia de raiva e com muita pressa, mas sem perder a elegância.

A: Ei, ei! Espere! MAYA!

--Eles já estavam na saída da Academia, quando Maya parou, olhando para
--fora. Aidou parou logo atrás dela, ofegante por ter corrido tanto.

A: Ei Maya, onde você vai?
M: Onde eu IRIA, você quis dizer. Eu iria ver o Kiryuu-kun, mas, com você me vigiando, não vai dar certo. Então agora, eu VOU sair com você.
A: Você quis dizer... um encontro?
M: Chame como quiser, vai me pagar um sundae. Vamos logo!

--Maya puxou Aidou pelo braço, rumo a cidade. E pelo caminho, Aidou fez
--algumas observações em seus pensamentos.

*A: Oh! A pele dela é tão fria, nunca tinha percebido. Pensando bem, aquela vez em que ela beijou me pescoço, senti meu sangue congelando. Será que tem alguma relação? Além disso, ela é bem diferente do Kaname Kuran.*
M: Ei Aidou. Onde vende o melhor sorvete desta cidade?
A: Ah... É por ali, virando à esquerda, eu acho.
M: Certo. Vamos.

--Quando Maya se virou, ainda puxando-o pelo braço, Aidou pôde perceber
--mais alguns detalhes sobre dela.

*A: O cabelo dela. Os fios parecem que são cobertos por sangue, é tentador. Por outro lado, as mechas alaranjadas ajudam.*

NA LANCHONETE

Garçonete Lilih (GL): Aaahh!!! Aidou-sama, faz muito tempo que não vem aqui. Estou tão feliz!
A: É, realmente. Como vai Lilih?
GL: Melhor agora que eu pude rever o Aidou-sama!

--Maya tossiu para chamar a atenção.

M: Querida... Lilih, certo?
GL: Sim. Em que posso ajudar?
M: Me traga um sundae grande, metade caramelo e a outra parte de chocolate, com duas colheres. Por... favor... Lilih.
GL: Claro, agora mesmo. Com licença.
A: Não precisava agir assim. Ela saiu com medo de você.
M: Eu pedi o meu sundae antes que eu perdesse o apetite por causa do "love" de vocês dois.
A: Isso por acaso seria... ciúmes?
M: Vai sonhando, querido.

--A garçonete trouxe o sundae, Maya agradeceu, pegou uma colher e
--começou a comer. Aidou a observava e completou suas antigas
--observações.

*A: É mesmo... Outro grande enigma são os olhos dela. É alguma mistura de dourado ou mel, com verde. Não sei dizer... Só sei que é lindo. Até mesmo para nós, vampiros, ela é simplesmente...*
A: Linda.

--Maya ouviu a única palavra que saiu dos pensamentos de Aidou, dirigiu
--seus olhos aos dele.

M: O que você disse?
A: Ah...nada! Só pensei alto! Me desculpe.

--Aidou abaixou a cabeça corado de vergonha.

M: Você fica vermelho muito facilmente. Controle-se mais. Não vai comer?
A: Ahm?
M: É por isso que tem outra colher. Afinal, é você que vai pagar este sorvete. Não seria justo com você.
A: Ah, claro. Obrigado.

--Aidou pegou na colher e enquanto colocava pequenas quantidades de
--sorvete na boca, pensava em como começar a perguntar.

A: Eu estive pensando. Você é... realmente...
M: Irmã do Kaname? Não. Não sou.

--Maya estava olhando para a janela que estava ao lado da mesa deles. Seu
--olhar era frio, melancólico, cheio de sofrimento.

M: Juuri e Haruka me acharam. Eles cuidaram de mim, me fizeram parte da família. Me deram o nome de Maya Kuran, só mais tarde descobriram que eu era uma puro sangue.
A: Mas... por qual razão o Kaname-sama... bebe do seu sangue?
M: Ele sabe quem eu sou. De onde eu vim, quem são meus pais... E tem alguma coisa na minha origem que não o agrada, de jeito nenhum. Como se eu fosse extremamente letal.
A: Onde você esteve até agora?
M: Ele fez com que o Conselho dos Anciões e o dos Caçadores me mantivessem isolada. Sai há pouco tempo da minha "prisão particular".
A: Ah... Por que sua pele é tão fria? E...às vezes... quando você me toca... meu sangue parece congelar, por quê?
M: É um dos meus poderes que fez o Kaname pedir meu isolamento. Eu posso congelar o sangue dentro do corpo das pessoas, com o objetivo de matá-las, fazer com que elas desmaiem ou apenas para que fiquem assustadas como você . Não somente tocando, com o olhar também. Está assustado?
A: Não. Impressionado. Você é incrível.
M: Nossa. Você é estranho, mas, obrigada.

--Eles terminaram o sorvete, e caminharam de volta para a Academia. O
--caminho foi silencioso, Aidou pensava no que Maya tinha dito.
--Ao chegarem ao portão da Academia, eles finalmente voltaram a ser falar.

M: Obrigada pelo sorvete.
A: Agradecer era o mínimo depois de me forçar a ir em um encontro.
M: Reclamando tanto de algo que gostou. Imagino o que diria se não tivesse amado sair comigo.
A: Não seja tão convencida.
M: Certo... E você... Não fique tão vermelho.
A: EU NÃO ESTOU!!!

--Maya se aproximou dele e lhe deu um beijo no rosto.

M: De novo... obrigada. Devo falar com o Kaname agora.

--Aidou ficou com uma expressão preocupada e pegou o pulso de Maya.

A: Não!
M: Mas o que é isso?
A: Fique aqui!
M: Eu preciso...

--Aidou a puxou para si e a abraçou com força.

A: Já disse para ficar!
M: Aidou, o que está fazendo?
A: Vou proteger você.
M: Eu não preciso que me protejam.
A: É claro que precisa! Não se faça de forte o tempo todo! Deixe que os outros te ajudem. Me deixe te ajudar, eu quero fazer isso.
M: Aidou?

--Ela estava perplexa. Depois abaixou a cabeça e disse em voz baixa.

M: Tudo bem. Faça como quiser.
A: Farei de tudo para que fique segura.
M: Tá! Faça o que quiser!!

--Maya disse isso num tom alto. Aidou sorriu.

A: Era o que eu precisava ouvir.

--Ele aproximou seu rosto do dela e a beijou, entrelaçando os dedos nos longos cabelo de Maya. Com o outro braço, segurava sua cintura com força, como se evitasse que ela fugisse. Ao cessarem o beijo, os chocados olhos mel-esverdeados de Maya encontraram os alegres olhos azuis de Aidou.

M: Uau! Dessa vez você não ficou nada vermelho.
A: Você mandou me controlar, foi o que eu fiz.
M: Bom trabalho.
A: Me deixe te proteger, estando ao seu lado.

--Maya sorriu, tentando conter a felicidade.

M: Tudo bem. Então, por favor... me proteja.
A: Você é quem manda, Maya-sama.
M: Agora podemos voltar ao Dormitório?
A: Certo. Vamos.
M: Ah... E parabéns, Senhor Envergonhado.

--Aidou se controlou, pois estava muito feliz. Virou para ela escondendo um sorriso.

A: Obrigado.

CONTINUA
 
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