- Eu te amo – Shiryu olhou apaixonado para Mai e a beijou
longamente.
- Eu também te amo.
- Mal posso esperar para nos vermos mais tarde. – Shiryu disse
enquanto a abraçava.
Mai retribuiu o abraço se agarrando nele com todas as
forças. Milhões de pensamentos passavam em sua cabeça e ela daria tudo para
esquecer.
- Não posso. Coisas de família – Disse com a cabeça
afundada na camisa de seu namorado.
- E “ele” vai estar lá?
- Sim. – Eles se olharam nos olhos – Eu não queria que
tivesse que ser assim.
- Tudo vai ficar bem, vamos dar um jeito. – Shiryu disse
pegando as mãos de sua amada e a olhando nos olhos.
- Que jeito? Tenho que me casar com ele por obrigação.
- Não deixarei isso acontecer!
- Se tentarmos algo meu pai acha uma forma de acabar com
você.
- Eu não tenho medo do seu pai. Eu virei mais tarde e o
convencerei anular esse casamento. Custe o que custar.
- Vir a minha casa? – Mai se surpreendeu e se afastou
dele rapidamente – Não, eu resolvo isso sozinha!
- Calma, não precisa ficar nervosa. – Shiryu estava um
pouco aturdido com a reação dela. – Seus pais já devem saber que estamos
saindo, duvido que eles não tenham visto meu carro pela janela quando te deixo
lá.
- Não, eles não sabem.
Mai olhou séria para
Shiryu. Seu corpo se arrepiou e ela quase sufocou com o sentimento de culpa.
Ela sabia que uma hora a verdade viria a tona, não importa o quanto ela
protelasse.
– Eles... não moram lá. Eu não moro lá. – Ela quase
sussurrava.
- O quê? O que está dizendo? Você está bem?– Shiryu olhou
para Mai que estava visivelmente nervosa.
- A verdade é que eu menti para você. – Mai desviou o
olhar.
- Mas o quê? Do que é que você está falando? – Shiryu se
aproximou e tocou levemente no rosto de Mai para que ela olhasse novamente para
ele.
- Eu menti... Eu escondi a verdade de você.
Ela olhou para ele e viu a confusão em seus olhos. Ela
sentiu a garganta fechar e achou que não fosse capaz de falar mais nada. As
lágrimas já começavam a se acumular.
- Eu...eu... – Ela não conseguia falar.
- O que foi? Mai, por favor, me diz o logo o que está
acontecendo! – Shiryu pôs as mãos nos ombros dela e mirou em seu olhar,
visivelmente preocupado.
- Eu sou uma Watanabe! – Ela disse de uma vez.
Os dois ficaram em silencio por alguns segundos, que para
Mai pareceram eras.
- Uma Watanabe... Uma “daqueles”? – Shiryu olhou para ela
desconcertado. – Não, não pode ser isso só pode ser brincadeira!
Ele soltou os ombros dela se afastou e começou a rir. Uma
risada nervosa.
- Você tá brincando né? – Ele olhou pra Mai e percebeu
que ela não conseguia olhar pra ele. – Como assim... Isso faz de você uma...
- Herdeira. – Ela olhou para ele e as primeiras lagrimas
desceram. - É, exatamente.
- Quer dizer que esse tempo todo... – Shiryu tentava se
conter, mas aquilo não entrava facilmente em sua cabeça. – Por quê?
- Quando nos conhecemos... Eu não queria que ninguém
soubesse, eu tinha que me proteger! Se meus pais soubessem que eu não estava em
casa... Bem, você sabe quem eles são.
- Sei. – Shiryu ficou calado durante mais um tempo. –
Mesmo assim eu não entendo porque você escondeu isso de mim.
Mai se aproximou, mas ele recuou.
- Eu não tenho poderes. Sou filha de Herdeiros, mas mesmo
assim até hoje não consigo criar ou manipular uma mísera chama. Eu sou o ponto
fraco da família, se alguém soubesse que eu existo eles simplesmente arrumariam
meios de calar essa pessoa. – Ela respirou fundo e continuou -Na noite que
fomos ao lago eu ia te contar, mas foi quando você me contou o seu segredo. Eu
não imaginava que você fosse um Herdeiro.
- E você não disse nada mesmo assim? Muito conveniente
não é? – Shiryu disse com rancor.
- O quê?
- Eu te contei tudo. TUDO! Meus medos, meus planos. Pus
minha família, meus amigos e minha cidade em perigo! Deixei você me fazer de
idiota. – Ele gritou com ela. – Ninguém sabe que os Watanabe tem uma filha.
Quem me garante que você não se aproximou de mim para captar informações para
sua família?
- Não. Eu jamais trairia sua confiança desse jeito. Eu
não disse nada para ninguém, eu juro!
- Você jura? Você mesma acabou de admitir que mentiu pra
mim esse tempo todo! Você é uma Watanabe, e é isso que vocês fazem. Mentem e
manipulam para conseguir o que querem!
-Não, não. Eu nunca quis fazer nada contra você. Se minha
família soubesse você não estaria vivo aqui na minha frente!
Mai caiu de joelhos no chão soluçando e pôs as mãos no rosto.
Shiryu se apoiou em uma árvore e se deixou cair com as
costas na árvore. Ele estava confuso. E ver Mai tão desesperada o fez chorar
também.
- Eu sou um estúpido!
- Não é. – Mai engatinhou até ele, pôs uma das mãos no
rosto dele e olhou fundo em seus olhos. – Eu não queria... eu não quero perder
você.
Ele viu a sinceridade nos olhos dela. Aqueles olhos castanhos claros de onde tenras lágrimas caiam copiosamente. Eles ficaram calados por alguns minutos. Shiryu não sabia o que dizer e nem o que pensar. Quanto mais ele a olhava, mais ele não conseguia sentir raiva ou mágoa, muito menos ódio. Shiryu a tomou nos braços e a abraçou forte.
- Eu não vou perder você. – Ele falou antes de beijá-la mais uma vez.